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Investidores turcos ‘cimentam’ fábrica no Amapá através do mapa-mundi

Por: Maiara Pires - 13/12/2016 - 23:10

Foto: Maiara Pires

O Amapá já respira ares de cidade grande, com linha de produção industrial em larga escala. Há quem seja pessimista e não veja ‘nada acontecendo’. Há quem seja ambientalista e bata o pé para que ninguém mexa nos 98% de área verde preservada no Estado. Mas, há quem enxergue o crescimento econômico e industrial a partir do mapa-mundi e esteja disposto a investir 40 milhões de dólares no meio do mundo.

É o caso do executivo Marcos Franco durante uma reunião em Istambul, na Turquia, com o conselho administrativo da fabricante de cimento Medcem Global. “Quando eu bati o martelo de que seria aqui [o lugar onde iriam instalar uma fábrica de cimentos], eu nem conhecia o Amapá. Eu vi no mapa”, contou o investidor durante entrevista no Jornal da Manhã, nesta terça-feira, 13. A fábrica já tem até nome e um escritório em Macapá. Ela se chamará Nova Cem Cimentos Brasil e atuará como subsidiária do grupo turco.

Segundo Franco, na medida em que avançava na prospecção regional para consolidar a viabilidade do empreendimento no Amapá, ele se convencia de que aqui era o lugar. De 2015 pra cá, foram mais de dez viagens à região pesquisando áreas e a demanda por consumo. Até descobrir que o Platô das Guianas tem 1,6 milhão de potenciais consumidores; Tapajós (PA) tem 430 mil; na Ilha do Marajó tem 600 mil. Esses números são apenas uma fatia do mercado destas regiões que a empresa vislumbra alcançar. No Amapá, foi verificado que o consumo mensal de sacas de cimento é de uma média de 400 mil por mês. Isto só para citar alguns exemplos da pesquisa de mercado que foi feita para instalar a fábrica no Estado.

Produção em escala

Depois de muita burocracia, a área, enfim, foi definida. Será na Ilha das Barreiras no município de Mazagão. Pertencente à União, ela está em processo final de transferência para a prefeitura e tem 40 hectares e mais 300 metros de frente para o rio Amazonas. Numa breve justificativa sobre o tamanho da área, Franco enumerou como se dará o fluxo de trabalho no local: “Vamos receber navios de 40 toneladas com equipamentos e montagens; vamos trazer matéria-prima acabada [da matriz na Turquia]; precisamos de espaço para colocar cilos para armazenagem; transporte de caminhões; pátios de trânsito; balança; armazém de produto acabado; trajeto da matéria-prima do cilo, para os fornos e para o moinho”. O investidor ficou ainda mais entusiasmado com a entrega da ponte Washington Elias dos Santos que interliga os municípios de Macapá, Santana e Mazagão. Pois, ajudará no fluxo de trabalho da fábrica.

Do momento em que iniciar a instalação, a empresa terá um ano para produzir. Nesse período, ela prevê a geração de 300 empregos diretos e indiretos. A meta é vender 1 milhão de sacos de cimento por mês, com um faturamento mensal de R$ 18 a R$ 20 milhões. “Essa produção tem como foco o consumo interno. Pois, enxergamos que é uma forma de evoluir e desenvolver o Amapá como um todo”, frisou o diretor da Nova Cem Cimentos Brasil, falando com entusiasmo do potencial de crescimento econômico e industrial do Estado.

A fala do executivo tem a ver com a movimentação de investidores estrangeiros em se instalar no Amapá. Em viajem por diversos países representando a Medcem Global, ele conta que já ouviu o interesse, não só de empreendimentos de outros estados brasileiros, como também de outros países, em vir para o Estado. “Eu ouço ‘volta e meia’ que a China andou por aqui, que a Palestina andou por aqui. E a gente vai conversando em nível de mundo. Então, temos que estar preparados com matéria-prima e mão-de-obra qualificada pra recepcionar estes grandes empreendimentos. Iremos investir na contratação de profissionais daqui do Estado, e se faltar profissional, queremos oportunizar a qualificação dessa mão-de-obra”, vislumbrou Marcos Franco.

Olhando por esse prisma, o empresário enxerga um cenários de edificações nunca visto no Amapá em função da vinda de grandes empresas. Ele avaliou, que são hotéis, restaurantes, portos privados e instalações comerciais que surgirão naturalmente, na medida em que o Estado for experimentando a expansão industrial. Além disso, o mercado de câmbio é outro setor que será bastante movimentado com a operação de troca de moeda. Pois, a Nova Cem Cimentos Brasil irá adquirir materiais e equipamentos da matriz que fica na Turquia, para a instalação da fábrica de cimentos em Mazagão.

Atração de investimentos

Marcos Franco conta que foi atraído pela política econômica viabilizada pelo Governo do Estado. “Seremos beneficiados pelos incentivos da Área de Livre Comércio [de Macapá e Santana], onde vamos operacionalizar a nossa relação comercial”, declarou. Desde 2015, a Agência de Desenvolvimento Econômico do Amapá (Agência Amapá) vem ciceroneando o grupo Medcem Global, responsável pela instalação da subsidiária brasileira no município mazaganense.

“Estamos acolhendo todos os empreendimentos que manifestam interesse de se instalar no Amapá com a política econômica do atual governo. O nosso posicionamento vem sendo criticado por alguns setores. Mas, entendemos que, não adianta ‘sentar’ numa riqueza preservada e deixar o povo passando miséria”, analisou o economista Samuel Silva, da Agência Amapá, na entrevista ao Jornal da Manhã.

Foi essa abertura que fez com que Marcos Franco se sentisse seguro em avançar na prospecção do negócio para atender ao mercado regional. “Vamos utilizar essa rica natureza que o Amapá nos proporciona, para que a gente possa crescer e, ao mesmo tempo, desenvolver o Estado”, enfatizou.

Outro dado da pesquisa de mercado mencionado pelo investidor é com relação ao valor do frete embutido no preço final pago pelo cimento no Amapá. Por causa da dificuldade de acesso para as mercadorias chegarem ao Estado, o consumidor acaba pagando a conta do deslocamento. O valor do frete de uma saca de cimento vinda do estado do Pará, por exemplo, custa R$ 3,20. Com a fábrica do produto, aqui mesmo na região, esse valor será eliminado do bolso do amapaense e ele vai pagar mais barato pelo cimento.

No momento, a futura subsidiária está em processo de registro da empresa e aguardando o documento da área. Depois que estiver estabelecida com documento de posse, é que dará o próximo passo para a instalação da primeira fábrica de cimentos do Estado do Amapá.

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